A empresária Mônica Regina Cunha Moura, mulher e sócia do publicitário João Santana – marqueteiro das campanhas de Lula e Dilma, entre 2006 e 2014 -, disse ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, que está disposta a colaborar com a Justiça, mas só o fará com ‘acordo assinado’.
Monica e João foram interrogados nesta tarde(21) na ação penal em que são acusados de recebimento de propinas do esquema montado na Petrobrás, e confessaram que, ao serem presos em fevereiro pela Polícia Federal, mentiram no inquérito. A Moro, o casal esclareceu que US$ 4,5 milhões recebidos por meio do doleiro e operador de propinas Zwi Scornicki era dinheiro da campanha eleitoral de Dilma Roussef, em 2010.
Segundo Mônica, os valores eram relativos a ‘dívidas da campanha presidencial de 2010 (Dilma) e Zwi lhe foi indicado pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto’. Mas negou que soubesse que o dinheiro tinha origem em propinas do esquema Petrobrás. A versão foi confirmada pelo seu marido, que depôs logo após ela ao juiz da Lava Jato.
Questionado pelo Ministério Público Federal sobre o porquê do pagamento ocorrer apenas em 2013 e de forma parcelada, Santana afirmou que os atrasos no pagamento das dívidas das campanhas são recorrentes para quem atua na área de marketing eleitoral. “Não tivemos sorte, nem nenhum outro marqueteiro de receber por antecipação (nas campanhas eleitorais)”, disse.
O casal, contudo, quis responder sobre os depósitos e pagamentos da Odebrecht que fazem parte de outra ação penal – referente ao Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, conhecido como ‘Divisão de Propinas’.
“Excelência, sobre isso prefiro falar no outro processo. Como eu disse estou disposta a falar, a colaborar com a Justiça, inclusive mediante acordo com a Justiça. Pretendo falar tudo sobre isso, não quero me furtar a falar nada, nenhuma informação, mas no outro processo.” João Santana, seguiu a mesma estratégia definida por seu advogado e disse que ficaria em silêncio sobre este outro caso.
Mônica Moura foi categórica ao dizer na audiência que o caixa dois é uma prática corriqueira nas campanhas eleitorais. “Caixa dois nunca deixou de haver.” João Santana seguiu o mesmo argumento e disse que há uma “cultura generalizada de caixa 2”, pois, segundo ele, as relações dos empresários com partidos e governos sempre ocorreram “buscando caminhos extralegais”, não só no Brasil, mas no mundo todo. Santana também já atuou em campanhas eleitorais em outros países.
“Os preços (das campanhas) são altos e eles (empresários) não querem estabelecer uma relação explícita entre os doadores de campanha”, afirmou.
Responsável por cuidar da parte financeira e da negociação dos contratos, Monica disse que Vaccari avisou que Zwi Scornicki iria ter que parcelar o pagamento relativo à dívida de campanha de 2010.
Ao final da audiência, ela desabafou.
“Nunca soubemos de Mensalão, de propinas na Petrobrás. Somos publicitários, nunca recebi propina, sempre recebi pelo meu trabalho. Não sou agente público, não sou política, não sou empreiteira. Sempre trabalhei para partidos políticosx fazendo campanha.”
Mônica Moura admitiu que não é inocente.
”Infelizmente, não posso dizer não sou totalmente inocente não suo eu recebei de uma forma ilícita eu aceitei um jogo que infelizmente impera na minha atividade. Esse é o meu grande erro.”
João e Mônica foram ouvidos na ação penal contra eles e outros seis acusados de atuar no esquema de corrupção nos contratos da Petrobrás com a empresa de Singapura Keppel Fels e também nos contratos da Sete Brasil com o estaleiro da Keppel que teriam somado US$ 216 milhões em propinas.
Dessa quantia, US$ 4,5 milhões da cota que era destinada ao PT teriam sido repassadas ao casal de marqueteiros em 2013 na conta na Suíça da offshore Shellbill Finance, que não era declarada por eles às autoridades brasileiras.
COM A PALAVRA, A ASSESSORIA DE DILMA:
A assessoria da presidente afastada Dilma Rousseff informou que não iria se posicionar sobre o caso neste momento