“Flanelinhas, o Imposto Ilegal: Quando o Estado Cobra Tudo e Protege Nada”

Enquanto um ambulante é multado e tem seus produtos apreendidos por falta de autorização (sob a Lei Municipal de Posturas), os flanelinhas ocupam ruas livremente, muitas vezes alugando territórios como se fossem donos.

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Enquanto o cidadão brasileiro paga impostos estratosféricos (50% sobre o carro), IPVA, pedágios e seguros caríssimos, um outro “tributo” paralelo, ilegal e violento domina as ruas: a extorsão dos flanelinhas. Em eventos culturais, velórios, jogos de futebol ou até no centro da cidade, esses “guardiões informais” impõem taxas abusivas, ameaçam e danificam veículos, enquanto o poder público assiste de braços cruzados. Até quando o Estado será cúmplice desse mercado ilegal?


A Legislação que Ninguém Cumpre (Nem o Estado)

Os flanelinhas violam uma série de leis, mas autoridades fingem não ver:

  1. Extorsão (Art. 158 do Código Penal):
    “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa”. Cobrar “taxa” sob ameaça de riscar o carro ou furar pneus é crime, mas a PM age como se não existisse.
  2. Dano Qualificado (Art. 163 do CP):
    “Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia”. Um risco no capô ou pneu furado configura dano, mas quantos processos são abertos?
  3. Usurpação de Função Pública (Art. 328 do CP):
    “Usurpar o exercício de função pública”. Flanelinhas não têm autorização para administrar vagas, mas agem como se fossem funcionários do município.
  4. Contravenção de Vias Fácticas (Art. 150 da Lei de Contravenções Penais):
    “Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, qualquer vantagem, como preço ou condição de ocupação ou uso de bem público”. Cobrar por vagas em ruas públicas é contravenção, mas a prefeitura não fiscaliza.

Prefeitura: A Hipocrisia da Fiscalização Seletiva

Enquanto um ambulante é multado e tem seus produtos apreendidos por falta de autorização (sob a Lei Municipal de Posturas), os flanelinhas ocupam ruas livremente, muitas vezes alugando territórios como se fossem donos. A prefeitura, responsável por garantir o Art. 182 da Constituição (função social da propriedade urbana), permite que espaços públicos virem feudos particulares. Onde está a Secretaria de Transportes? Por que não há placas proibindo a cobrança ou patrulhas municipais?


Polícia Militar: O Silêncio que Endossa o Crime

A PM, que deveria garantir o Art. 144 da Constituição (segurança pública), age como espectadora. Flanelinhas ameaçam, extorquem e danificam patrimônio na frente de viaturas, mas a corporação não age. Por quê? Há conivência? Ou é mais fácil multar motoristas por estacionamento irregular do que enfrentar milícias urbanas?


Judiciário e Legislativo: A Impunidade como Regra

O Judiciário, ao não punir casos denunciados, normaliza a violência. O Legislativo municipal, por sua vez, não atualiza leis para criminalizar a atividade ou criar políticas de vagas públicas. Vereadores sabem que flanelinhas são organizações informais (muitas vezes ligadas ao crime), mas preferem ignorar.


A Banana Comeu o Macaco: O Cidadão Entre a Cruz e a Caldeirinha

Enquanto o Estado cobra IPVA (que deveria financiar segurança viária), pedágios (que prometem vias livres) e taxas de licenciamento, o cidadão é obrigado a pagar duas vezes: uma para o governo e outra para flanelinhas. Se recusar, arrisca:

  • Carro riscado (Art. 163 do CP, mas sem punição);
  • Ameaças (Art. 147 do CP, mas sem investigação);
  • Vaga pública privatizada (Art. 150 da LCP, mas sem fiscalização).

Conclusão: Revolta ou Revolução?

Se o Estado não cumpre seu papel, o que resta ao cidadão?

  1. Organizar protestos para ocupar vagas sem pagar, formando grupos de proteção;
  2. Gravar e denunciar extorsões ao Ministério Público (Art. 129 da Constituição);
  3. Exigir transparência: Para onde vai o IPVA? Por que a prefeitura não instala parquímetros ou amplia a área azul?

Enquanto o Executivo, Legislativo e Judiciário fingem que o problema não existe, os flanelinhas riem. E o cidadão? Paga, apanha e cala. Até quando? Se as ruas já estão tomadas, talvez seja hora de retomá-las — não na marra, mas com a força da lei que as autoridades se recusam a aplicar.