🧀 Queijo artesanal em Ribeirão Preto: tradição barrada por interesses comerciais e burocracia

Vigilância Sanitária descarta 270 kg de queijos do Mercadão e expõe choque entre tradição, cultura e interesses da indústria

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Vigilância Sanitária descarta 270 kg de queijos do Mercadão e expõe choque entre tradição, cultura e interesses da indústria

No último dia 25 de agosto, a Vigilância Sanitária de Ribeirão Preto apreendeu 270 kg de queijos artesanais em cinco estabelecimentos do Mercadão Central. Os produtos, provenientes de Minas Gerais, foram descartados no aterro sanitário por não apresentarem informações de procedência, fabricação e validade.

A justificativa oficial foi clara: os queijos não tinham certificações obrigatórias como Selo de Inspeção Municipal (SIM), Selo de Inspeção Federal (SIF), Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA) ou ainda o Selo Arte, do Ministério da Agricultura.

A notícia gerou revolta e indignação entre comerciantes e consumidores. Muitos questionaram como queijos consumidos há gerações em Minas Gerais são considerados seguros lá, mas proibidos aqui em São Paulo. “Se o povo mineiro pode comer e não faz mal, por que para o paulista faz?”, desabafou um comerciante.

🚨 Tradição x burocracia

O queijo artesanal, como o famoso meia cura mineiro, é parte da identidade cultural do Brasil e sustento de milhares de pequenos produtores. Feito com leite cru e técnicas passadas de geração em geração, é consumido há séculos sem relatos de crises de saúde pública associadas.

Por outro lado, a legislação paulista trata esses produtos como impróprios sem certificações, ainda que a aparência e o sabor estejam dentro da normalidade. Assim, toneladas de alimentos acabam literalmente jogados no lixo, enquanto a população enfrenta preços cada vez mais altos dos queijos industrializados.

💰 Os interesses comerciais por trás

Embora o discurso oficial seja “proteger a saúde do consumidor”, a realidade mostra um peso desproporcional sobre os pequenos. As certificações exigidas são caras, burocráticas e de difícil acesso para agricultores familiares. Na prática, cria-se um monopólio regulatório que favorece grandes indústrias, capazes de bancar os selos e taxas, e sufoca os produtores artesanais.

Mais do que saúde, há um interesse arrecadatório do Estado e uma pressão das grandes marcas que não querem perder mercado para o sabor e o preço justo do queijo artesanal. O “politicamente correto” fala em segurança, mas o que se vê é desperdício de alimentos de qualidade, criminalização da tradição e perda de renda para famílias do campo.


⚖️ O paradoxo brasileiro

Enquanto Minas Gerais reconhece e valoriza a produção artesanal, São Paulo cria um labirinto burocrático que impede o livre comércio. O mesmo queijo que alimenta mineiros sem problema algum é visto como ameaça quando atravessa a divisa. Isso mostra o absurdo de um sistema que coloca leis e impostos acima da cultura e da liberdade de escolha do consumidor.


Conclusão crítica:
O episódio em Ribeirão Preto não foi apenas sobre queijo: foi sobre a disputa entre tradição e burocracia, entre pequenos produtores e grandes indústrias, entre a verdade cultural e os interesses comerciais.

Defender o queijo artesanal é defender a cultura, a economia familiar e a liberdade de escolha. Quando a tradição é jogada no lixo em nome de selos e taxas, não é a saúde do povo que está sendo protegida, mas o bolso dos grandes.

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