Para muitas pessoas são apenas pedaços de papel ou metal. Algumas, porém, são capazes de verdadeiras loucuras por eles: são os colecionadores de selos, cédulas e moedas. Ou, como preferem, filatelistas (colecionadores de selos) e numismatas (cédulas e moedas).
“Em 2008 fiz uma viagem ‘bate e volta’ para Nova Iorque apenas para participar de um leilão de selos”, conta o engenheiro Reinaldo Estevão de Macedo, que já foi presidente da FEBRAF – Federação Brasileira de Filatelia e atualmente é vice-presidente da FIP – Federação Internacional de Filatelia.
Colecionador desde a infância, Macedo conta que em dezembro do ano passado deu carta-branca para que um amigo arrematasse em outro leilão um telegrama de natal, independente do valor. “Estava fora do Brasil e queria muito aquela peça, mas para minha surpresa ele me disse que não havia conseguido comprá-la. Fiquei muito chateado”, relembra.
A surpresa chegou no Natal: o telegrama havia sido comprado pela esposa do colecionador, que o presenteou com a peça. “Passado o susto posso dizer que o presente foi muito legal e desejado”.
Embora a grande maioria não poupe esforços por suas coleções, muitos preferem guardar essas histórias junto com seus álbuns de selos. “Melhor deixar isso pra lá”, brinca o advogado José Roberto Marques. Promotor de Justiça aposentado, ele coleciona selos das temáticas Santos Dumont e Zeppelin. “Tenho uma admiração especial por Santos Dumont e os selos Zeppelin circularam em um período curto e em poucos países, por isso a escolha”.
Para eles e outros colecionadores, Ribeirão Preto vai virar o centro das atenções em abril, quando sediará, nos dias 13 e 14, o Encontro Filatélico e Numismático. Será a oitava edição do evento, que desde o ano passado faz parte do calendário oficial de eventos do município.
“Começamos modestamente, em 2010, com o objetivo de incentivar novos colecionadores e unir os já existentes. Com o tempo o Encontro Filatélico e Numismático foi crescendo e hoje recebemos até comerciante vindo da Argentina”, afirma o jornalista Marcio Javaroni, organizador do evento e presidente da ABRAJOF – Associação Brasileira dos Jornalistas Filatélicos.
“Quando criança visitava todo domingo a Feira de Filatelia e Numismática da Praça XV, onde comecei minha coleção. Desde o final dela, por volta de 1990, os colecionadores ficaram órfãos de um espaço para comprar, vender e trocar selos, moedas e cédulas”, completa Javaroni.
O comerciante Osvaldo Colucci foi um dos que começaram a Feira da Praça XV, em 1975. “Começamos apenas com filatelia, mas logo em uma das primeiras semanas foi aberta uma barraca com moedas e a grande maioria passou a colecionar as duas, inclusive eu”, conta ele, que é proprietário da Numismática Ribeirão Preto.
O Encontro Filatélico e Numismático vai acontecer no Hotel Dan Inn, em um espaço de mais de 200 metros quadrados. “Estamos preparando tudo para receber colecionadores de todo o Brasil”, afirma Dora Neves, gerente comercial do hotel, que já tem reservas de Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de diversas cidades de São Paulo.
Durante o evento serão feitas diversas homenagens, entre elas aos 95 anos da Sociedade Numismática Brasileira e ao centenário da Sociedade Philatélica Paulista.
SERVIÇO
Encontro Filatélico e Numismático de Ribeirão Preto
Datas: 13 e 14/Abril (sábado e domingo)
Horário: 9h às 19h
Local: Hotel Dan Inn – Rua Luiz da Cunha, 404 – Vila Tibério
Informações: portalfilatelia@gmail.com | 16-99208.4448 (whats) | 16-98176.4000
Entrada Grátis
Selo e carimbo homenageiam Palácio Rio Branco
Durante o Encontro Filatélico e Numismático de Ribeirão Preto será lançando um carimbo comemorativo e apresentado selo postal alusivos ao evento. As peças retratam e homenageiam o Palácio Rio Branco, que comemora 102 anos de inauguração.
Ao longo dos anos os Correios lançaram diversos carimbos comemorativos relacionados à cidade. O mais recente no ano passado, em homenagem aos 100 anos do Botafogo FC.
A primeira vez que Ribeirão Preto estampou um selo postal foi em 1957. Embora com mais de um ano de atraso, a emissão foi comemorativa ao centenário da cidade – comemorado em junho de 1956.
“Moeda de Ribeirão” é famosa entre os colecionadores
Contam que no final dos anos 30 um torneiro da Vila Tibério começou a “fabricar” moedas de 500 réis. De tão parecida com as originais, as moedas eram facilmente aceitas pelo mercado. A única diferença foi justamente o detalhe que teria salvado o torneiro da prisão: o ano gravado nas moedas. Naquelas hoje conhecidas como “Falsas de Ribeirão Preto” estava gravado 1929, ano no qual não foram cunhadas moedas de 500 réis. Esse argumento supostamente teria sido usado pelo advogado do engenhoso torneiro para que o cliente respondesse por simulação e não falsificação de dinheiro.
“Essas moedas realmente são muito parecidas com as originais”, afirma Bruno Pellizzari, diretor da Sociedade Numismática Brasileira. “Por ter uma história por trás delas acabam sendo procuradas pelos colecionadores, mesmo sendo uma moeda falsa de época, e chegam a valer em torno de 30 a 40 reais atualmente”, completa.
Primeiro encontro aconteceu em 2010
O primeiro Encontro Filatélico de Ribeirão Preto foi realizado em 2010, durante a Expofinter – Exposição Filatélica do Interior de São Paulo. “Foi o início de tudo, bem modesto. Naquela oportunidade só tivermos colecionadores de selos”, relembra Javaroni. A numismática só ganharia espaço em 2014, na quinta edição do evento, que passou a se chamar Encontro Filatélico e Numismático de Ribeirão Preto. “Hoje, além de selos, moedas e cédulas, temos colecionadores de postais, miniaturas, cartões telefônicos, antiguidades e figurinhas, entre outros. É um grande encontro do colecionismo”, completa o organizador do evento.