USP ABRE INSCRIÇÕES PARA PROJETO DE ENSINO INTERDISCIPLINAR COMUNITÁRIO (PEIC)

Enquanto a USP anuncia a abertura das inscrições para o Projeto de Ensino Interdisciplinar Comunitário (PEIC), com pompa e discurso de inclusão, a realidade educacional de Ribeirão Preto segue desafiadora.

0
273

Enquanto a USP anuncia a abertura das inscrições para o Projeto de Ensino Interdisciplinar Comunitário (PEIC), com pompa e discurso de inclusão, a realidade educacional de Ribeirão Preto segue desafiadora.

Professores do projeto se reuniram nesta segunda-feira (24) com o secretário de Governo, João Augusto do Carmo, para debater a iniciativa e enaltecer a troca de experiências promovida nas aulas. Curiosamente, o próprio secretário já lecionou no PEIC, o que levanta a questão: até que ponto há um compromisso real com a comunidade ou apenas uma troca de favores acadêmico-políticos?

As aulas ocorrem no campus da USP de Ribeirão Preto, de segunda a quinta-feira, das 19h às 21h30. Para os interessados, a inscrição exige o preenchimento de um formulário e o pagamento de uma taxa única de R$ 20,00, com prazo até 5 de março. Além dos alunos, há também vagas para professores voluntários.

Mas aqui fica a reflexão: um curso que se vende como comunitário deveria cobrar taxa? Afinal, quantos estudantes da rede pública, que supostamente são o público-alvo, têm condições de arcar com mais um custo em meio a tantas dificuldades? Enquanto isso, vemos milhões sendo desviados para projetos duvidosos na esfera pública, e a educação de base continua a depender de esforços paralelos da iniciativa privada e de voluntários.

O PEIC foca estudantes do ensino médio de escolas públicas, além de outros interessados que se preparam para vestibulares e concursos. Promete uma abordagem dinâmica e interativa nas quatro áreas do conhecimento – biológicas, exatas, humanas e linguagens. Mas será que isso basta para tapar o buraco deixado pela precarização do ensino público? Ou estamos apenas mascarando a falta de políticas sérias de educação com projetos pontuais e bem-intencionados?

O futuro do Brasil passa pela educação de verdade, não por paliativos. A população precisa cobrar investimentos reais e não apenas se contentar com iniciativas que, embora meritórias, não resolvem a raiz do problema.

JORNALISTA AIELLO

Especialista da área da matéria do portal Em Ribeirão, o único portal independente da região que não recebe verbas públicas.