O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, fechou os primeiros dez meses do anos com alta acumulada de 2,21%, a menor taxa acumulada em um mês de outubro desde os 1,44% de outubro de 1998. O resultado é 3,57 pontos percentuais inferior à alta acumulada (5,78%) de janeiro a outubro do ano passado.
Os dados relativos à inflação oficial foram divulgados hoje (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e indicam que de setembro para outubro a taxa subiu 0,42%, ficando 0,26 ponto percentual acima dos 0,16% relativos à alta de setembro.
Segundo o IBGE, a aceleração entre setembro e outubro é decorrente do custo da energia elétrica, que subiu, em média, 3,28% no mês, em razão da adoção da bandeira vermelha por parte do governo federal.
Na avaliação do analista da pesquisa, José Fernando Gonçalves, a pressão das tarifas de energia sobre o IPCA deve continuar: “No próximo mês, continuará vigorando a bandeira vermelha, porém o preço da energia elétrica passará de R$ 3,5 para R$ 5 por cada 100 kWh”, aumentando a pressão nos preços da energia”.
Os dados divulgados pelo IBGE indicam ainda que a inflação acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses ficou em 2,7%, resultado superior aos 2,54% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2016, o IPCA havia registrado variação de 0,26%.
Alta por grupos
A aceleração da inflação teve como principal influência a alta no grupo Habitação que, com variação de 1,33%, além de ter sido a maior entre todos os grupos pesquisados, foi responsável por quase metade do índice do mês, com contribuição de 0,21 ponto percentual para a variação de 0,42% na inflação de outubro (0,42%).
Segundo o IBGE, além da alta média de 3,28% nos preços da energia elétrica, a elevação de 12,9% no botijão de gás nas refinarias da Petrobras foi determinante para a alta do grupo.
Além do grupo Habitação, a maioria dos grupos que compõem a inflação também registraram alta. Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, as exceções foram Alimentação e Bebidas (-0,05%) e Artigos de Residência (-0,39%) que registraram deflação.
No caso dos alimentos, outubro foi o sexto mês consecutivo que o grupo apresentou deflação, embora bem menos intensa do que a registrada em setembro (-0,41%). O IBGE lembra que tal sequência de variações negativas ocorreu também no período de abril a setembro de 1997, com seis meses seguidos de queda nos alimentos.
Nos últimos 12 meses, a variação acumulada do grupo é -2,14%. No ano, a variação está em -2,02% sendo que, dos dez meses transcorridos, sete apresentaram variação negativa. O acumulado no ano é o menor registrado para o período desde a implantação do Plano Real em 1994.
A queda nos preços dos alimentos em outubro, segundo o instituto, deveu-se à redução de 0,74% no preço médio dos alimentos para consumo em casa, com quedas no feijão mulatinho (-18,41%), alho (-7,69%) e açúcar cristal (-3,05%), entre outros.
IPCA nas capitais
Entre as 14 regiões do país pesquisadas pelo IBGE, cinco apresentaram resultados acima da média nacional de 0,42%. A maior alta foi registrada em Goiânia, onde a inflação chegou a 1,52% – resultado que chega a ser 1,1 ponto percentual superior à média nacional.
Fecharam ainda com alta acima da média nacional Curitiba (0,71%), São Paulo (0,5%), Brasília (0,48%) e Salvador (0,46%).
Entre os nove com taxas menores que o IPCA nacional o destaque foi Vitória que, ao fechar com deflação de 0,1%, além de ter sido a única capital com inflação negativa foi também a menor variação do país. A segunda menor taxa foi registrada no Rio de Janeiro (0,1%).
Adotada pelo governo como a taxa de inflação oficial do país, o IPCA se refere às famílias com renda entre um a 40 salários mínimos e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e Brasília.