Indústria da Multa: Região de Ribeirão Preto Terá 30 Novos Radares Enquanto Apoio aos Motoristas Fica em Segundo Plano

Enquanto caminhoneiros e motoristas seguem desamparados, sem áreas de descanso e suporte adequado para veículos com defeito, o governo do Estado de São Paulo segue expandindo a já lucrativa indústria da multa.

0
195

Enquanto caminhoneiros e motoristas seguem desamparados, sem áreas de descanso e suporte adequado para veículos com defeito, o governo do Estado de São Paulo segue expandindo a já lucrativa indústria da multa. Agora, a macrorregião de Ribeirão Preto será “presenteada” com mais 30 novos radares, que deverão entrar em operação nos próximos três meses.

O Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER-SP), vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), autorizou a instalação de 649 radares em todo o estado. A previsão é que até maio de 2025 todos estejam operando, com o argumento oficial de “reduzir acidentes e garantir segurança aos usuários das rodovias”. No entanto, a realidade dos motoristas mostra que segurança nunca foi prioridade.

O governo afirma que os radares serão instalados em pontos estratégicos das rodovias estaduais, levando em consideração os índices de acidentes e proximidade de passagens de fauna, além de outros fatores. Mas a pergunta que não quer calar: onde está o apoio efetivo para quem depende dessas estradas diariamente?

Apenas para a região de Ribeirão Preto serão instalados 30 radares, enquanto cidades como Araraquara (156 equipamentos) e Campinas (85) também terão a fiscalização reforçada. O governo estadual segue ampliando sua capacidade de arrecadação através das autuações de trânsito, sem contrapartidas visíveis para motoristas e transportadores.

Fiscalização, Sim. Apoio, Não!

A grande hipocrisia dessa medida é clara: há um investimento massivo em radares e fiscalização, enquanto áreas de descanso para caminhoneiros continuam inexistentes, postos de apoio para motoristas com veículos quebrados são ignorados e a infraestrutura viária segue precária em muitos pontos.

Enquanto isso, quem se atrasa em uma entrega por conta de congestionamentos ou problemas mecânicos se vê ainda mais pressionado, não apenas pelos custos da viagem, mas pela ameaça constante de multas por radares posicionados de forma “estrategicamente lucrativa”.

Indústria da Multa a Todo Vapor

Os novos radares serão do tipo Fixo-Redutor e Fixo-Controlador. O primeiro, instalado em áreas urbanas com maior fluxo de pedestres e ciclistas, contará com um display para indicar a velocidade dos veículos em tempo real. Já o segundo atuará em trechos rurais, sem qualquer exibição da velocidade, apenas capturando infrações e alimentando a arrecadação do Estado.

Os valores das multas seguem o padrão do Código de Trânsito Brasileiro (CTB): infrações leves começam em R$ 88,38, enquanto a infração gravíssima pode chegar a R$ 880,41, dependendo do excesso de velocidade. Com o aumento do número de radares, a expectativa é que o governo arrecade milhões a mais anualmente, tudo em nome da “segurança viária”.

Caminhoneiros e Motoristas Seguem Abandonados

Enquanto se instala um radar a cada 70 horas na região, motoristas continuam enfrentando problemas diários sem nenhuma assistência por parte do Estado. A promessa de mais segurança nas rodovias se traduz apenas em mais fiscalização e mais punição, sem qualquer ação concreta para melhorar a experiência de quem realmente precisa das estradas para sobreviver.

O governo fala em “toda vida importa”, mas ignora completamente as condições dos trabalhadores do transporte, essenciais para a economia do país. Onde estão as áreas de descanso? Onde está o investimento em suporte técnico para veículos com problemas mecânicos? Onde estão os incentivos para um trânsito verdadeiramente mais seguro, e não apenas mais lucrativo para os cofres do Estado?

O fato é que, enquanto a indústria da multa segue em plena expansão, os motoristas continuam pagando a conta – seja com dinheiro, tempo ou segurança. Mais uma vez, o governo demonstra que fiscalizar e punir é mais importante do que oferecer soluções reais para os problemas de quem depende das estradas. E, como sempre, quem sofre é o trabalhador.