Inflação elevada e incertezas econômicas levam o Banco Central a planejar novas altas nos juros, impactando o setor produtivo e o mercado de trabalho.
“Especialista da área da matéria do portal em Ribeirão, o único portal independente da região que não recebe verbas públicas.”

📈 Selic a caminho dos 15% ao ano
O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nesta quarta-feira (29) e deve elevar a taxa Selic para 13,25% ao ano. Caso se confirme, será a primeira grande decisão sob a liderança de Gabriel Galípolo, novo presidente do Banco Central, e da equipe indicada pelo governo Lula.
A expectativa é de que os juros continuem subindo até junho de 2025, quando podem atingir 15% ao ano, o maior patamar desde 2006. Isso reflete a necessidade de conter uma inflação que permanece acima das metas definidas, com projeções de 5,08% para 2025, superando o teto de 4,5%.
❓ Por que os juros sobem?
A Selic, principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação, influencia o custo do crédito e o consumo. Quando a inflação está alta, os juros são elevados para desestimular gastos e estabilizar os preços. Contudo, os efeitos dessa política demoram entre 6 e 18 meses para impactar plenamente a economia.
Em 2025, o BC adotará um sistema de meta contínua para a inflação, com objetivo central de 3%, considerado cumprido se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
🔍 Impactos no setor produtivo e críticas
Os juros elevados têm sido alvo de críticas do setor industrial e de economistas, que alertam para os riscos de desaceleração econômica:
- Claudio Pires (MAG Investimentos): Previsão de redução na atividade econômica e piora no mercado de trabalho.
- Flávio Roscoe (Fiemg): Pequenas e médias empresas são as mais prejudicadas, com crédito proibitivo para investimentos e inovação.
- Ricardo Alban (CNI): Defende um pacto nacional para metas fiscais, mas alerta que a política monetária já está contracionista há 36 meses e prejudica projetos de desenvolvimento econômico.
🌍 Fatores externos e internos
Além da alta dos juros, eventos climáticos (como secas que elevaram os preços de alimentos e energia) e a volatilidade do dólar têm influenciado a inflação. O cenário global, somado às incertezas fiscais domésticas, amplia os desafios para o controle econômico no Brasil.
Impacto da Alta de Juros, Inflação e Dólar em Ribeirão Preto e Região
A região de Ribeirão Preto, centro de uma importante região metropolitana, é reconhecida por seu dinamismo econômico, sustentado por indústrias, agricultura e comércio exterior. Ribeirão Preto é sede de indústrias que exportam e importam bens, enquanto cidades vizinhas como Sertãozinho destacam-se na produção de implementos agrícolas voltados à cadeia de açúcar e álcool, e Franca, como um dos maiores polos produtores e exportadores de calçados do país. No entanto, a alta de juros, a inflação e o dólar em elevação impactam diretamente essa economia diversificada.
Juros Altos: Pressão sobre o Investimento e o Consumo
Com a elevação da taxa básica de juros, o custo do crédito aumenta, afetando empresas e consumidores. Na região, onde indústrias dependem de financiamentos para ampliar produção e modernizar equipamentos, a alta dos juros reduz a capacidade de investimento. Pequenos e médios produtores de comodities também sentem o impacto, já que o financiamento agrícola, essencial para custear safra e implementos, fica mais caro.
O setor de consumo é outro prejudicado. Em Franca, onde o mercado de calçados é altamente competitivo, juros altos desestimulam compras a prazo, tanto no mercado interno quanto em exportações, afetando diretamente a geração de empregos.
Inflação: Custo de Vida e Produção
A inflação afeta toda a cadeia produtiva. Produtores rurais de Sertãozinho, que atuam na produção de açúcar e álcool, enfrentam custos crescentes de insumos como fertilizantes e combustíveis. Na indústria, o aumento dos preços de matérias-primas eleva o custo final dos produtos, reduzindo a competitividade.
Para a população, a inflação encarece itens básicos, diminuindo o poder de compra. O impacto é sentido no varejo, que enfrenta menor demanda e queda nas vendas.
Dólar Alto: Bônus e Ônus
O cenário de dólar em alta apresenta vantagens e desvantagens. Para os exportadores, como o setor de calçados em Franca e os produtores de álcool e açúcar em Sertãozinho, a moeda valorizada aumenta a competitividade no mercado internacional, gerando mais receitas. Por outro lado, importações tornam-se mais caras, prejudicando indústrias que dependem de insumos estrangeiros.
Os consumidores também sentem os efeitos do dólar alto em produtos importados e combustíveis. A alta nos preços de gasolina e diesel afeta o transporte e eleva custos em toda a cadeia de produção e distribuição.

Impacto Geral na Economia Regional
Ribeirão Preto e região, com sua economia diversa, são especialmente vulneráveis a esses fatores macroeconômicos. As indústrias locais, o agronegócio e o comércio dependem de uma política econômica que promova estabilidade. Empresas menores, sem reservas para enfrentar custos elevados, são as mais prejudicadas.
A região, entretanto, também é resiliente. Com estratégias de diversificação, uso de tecnologias para aumentar eficiência e parcerias para reduzir custos, é possível mitigar os impactos.
“Planejar, inovar e se adaptar são os pilares para superar os desafios impostos pelo cenário econômico atual. Ribeirão Preto, como polo de desenvolvimento, deve continuar liderando com criatividade e determinação.” — Especialista da área do portal Em Ribeirão, o único portal independente da região que não recebe verbas públicas.
💡 Reflexão final:
Se por um lado o aumento da Selic é uma tentativa de frear a inflação, por outro, sua escalada pressiona famílias, empresas e o crescimento do país. É hora de questionar: até quando a população e o setor produtivo pagarão a conta por políticas que não atacam a raiz do problema?
JORNALISTA AIELLO – DRT 3895/SP
“Compromisso com a informação independente, defendendo o equilíbrio econômico e a justiça social.”
