Esta situação é uma consequência direta das mudanças climáticas, que têm provocado uma antecipação do período de seca e alterado drasticamente o clima em todas as regiões do país.
De acordo com o pesquisador Giovanni Dolif, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o aumento das temperaturas está se tornando permanente. No inverno de 2024, cidades como São Paulo registraram temperaturas dois graus acima da média histórica. Esse aumento global nas temperaturas tem causado eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas severas, chuvas intensas, e incêndios florestais mais frequentes e devastadores.
O Pantanal, um dos biomas mais importantes do mundo, tem sido especialmente afetado. Os rios que o abastecem nascem, em grande parte, no Cerrado, que já foi 60% desmatado. A cientista Luciana Gatti alerta que o desmatamento no Cerrado está matando as raízes profundas que são essenciais para o abastecimento dos lençóis freáticos e dos rios, agravando ainda mais a crise hídrica na região.
Além dos impactos naturais, a seca e os incêndios estão sendo agravados por ações humanas. A Polícia Federal investiga incêndios criminosos em diversas áreas florestais, incluindo uma nova onda de queimadas em Novo Progresso, no Pará, onde o “Dia do Fogo” de 2019 ficou marcado pela destruição intencional de vastas áreas da Amazônia. A PF está apurando se esses incêndios foram coordenados e quais os motivos por trás dessas ações criminosas.
O governo, por sua vez, busca endurecer as punições para quem provoca incêndios criminosos, com propostas de aumento de penas e confisco de propriedades dos responsáveis, além de vedar o acesso a créditos públicos para esses indivíduos.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que, devido à redução do desmatamento, os criminosos têm mudado suas táticas, usando o fogo para devastar áreas da Amazônia e depois tentar regularizar essas terras ilegalmente. Ela afirmou que o fogo está se tornando a nova forma de desmatamento, o que exige uma repressão ainda mais rigorosa para evitar a apropriação criminosa de terras públicas.