Prefeitura destina quase R$ 1 milhão para reforma da Catedral — mas e as outras religiões? Dados oficiais revelam um cenário bem diferente do que se imagina…
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Resumo Inicial (SEO)
Em Ribeirão Preto, a Prefeitura destinou quase R$ 1 milhão para a reforma da Catedral Metropolitana, por meio de acordo judicial. Enquanto isso, igrejas evangélicas, centros de umbanda e outras religiões não recebem repasses públicos — apesar de representarem quase metade da população, segundo dados oficiais do IBGE. A destinação exclusiva de recursos públicos a um único templo religioso levanta questões constitucionais e de equidade.
Quem São os Fiéis de Ribeirão Preto? Dados Oficiais do IBGE
Segundo o Censo Demográfico de 2022 do IBGE, a distribuição religiosa em Ribeirão Preto (SP) é a seguinte:
- Católicos: 46,8%
- Evangélicos: 36,1% (sendo 27,3% de pentecostais/neopentecostais e 8,8% de evangélicos de missão)
- Sem religião: 12,9%
- Espíritas: 1,7%
- Umbanda, Candomblé e outras religiões afro-brasileiras: 0,5%
- Outras religiões (incluindo budismo, judaísmo, islamismo etc.): 2,0%
Ou seja: mais de 53% da população não é católica — e mesmo assim, só a Catedral recebe verba pública direta.
Acordo Judicial Libera R$ 1 Milhão para a Catedral — Mas Por Que Só Ela?
Na quarta-feira (1º), o prefeito Ricardo Silva (PSD) anunciou um acordo judicial com as construtoras Said e WTB que resultará em R$ 980 mil para a reforma emergencial do telhado da Catedral Metropolitana.
Apesar de o recurso vir de um processo de desapropriação (e não diretamente do orçamento municipal), o fato é que a Prefeitura intermediou e celebrou o repasse — e o fez exclusivamente com a Igreja Católica.
A Catedral, construída entre 1904 e 1918, é um patrimônio histórico e cultural. Mas será que isso justifica tratamento único?
Patrimônio Histórico ≠ Patrimônio Religioso Exclusivo
É verdade que a Catedral é um marco arquitetônico neogótico e parte da identidade de Ribeirão Preto. Porém:
- Outros templos também têm valor histórico, como a Igreja Matriz do Rosário (católica, mas não a Catedral) ou o Centro Espírita Irmão José;
- Centros de umbanda e terreiros, embora mais recentes, são espaços de resistência cultural afro-brasileira reconhecidos pela Lei nº 14.192/2021 (Lei Zumbi);
- Igrejas evangélicas centenárias, como a Primeira Igreja Batista de Ribeirão Preto (fundada em 1910), também merecem preservação.
Se o critério for valor histórico-cultural, não pode haver exclusividade católica.
E a Constituição? O Que Diz a Lei?
O Artigo 19, inciso I, da Constituição Federal é claro:
“É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança…”
Embora o repasse tenha origem judicial, a celebração pública, a presença do prefeito e a destinação específica a um templo religioso podem configurar violação do princípio da laicidade do Estado.
Juristas alertam: patrimônio religioso só pode receber recursos públicos se for tratado como bem cultural — e com critérios objetivos, abertos a todas as tradições.
Prefeitura de Ribeirão Preto: Onde Está a Transparência e a Igualdade?
Diante dos números do IBGE e do princípio constitucional da laicidade, levantamos questionamentos urgentes:
- Por que nenhuma chamada pública foi feita para outras religiões apresentarem projetos de preservação?
- Existe um edital municipal de apoio a patrimônios religiosos diversos?
- Será que terreiros e igrejas evangélicas teriam acesso a esse tipo de acordo se tivessem influência política semelhante?
Sugestão: que a Prefeitura de Ribeirão Preto crie um Fundo Municipal de Preservação de Patrimônios Religiosos Diversos, com critérios técnicos, transparentes e inclusivos, respeitando a pluralidade religiosa da cidade.
Ribeirão Preto destina R$ 1 mi à Catedral, mas 53% da população não é católica. IBGE revela distribuição religiosa. É justo usar dinheiro público só para um templo?
English Summary (Journalistic Style)
Ribeirão Preto’s city hall just funneled nearly $1 million into restoring its Catholic Cathedral—despite census data showing that over half the population identifies as non-Catholic, including evangelicals, spiritists, and followers of Afro-Brazilian faiths. Critics question whether this violates Brazil’s constitutional principle of state secularism and demand equal access to public preservation funds.
Conclusão: Respeito Não é Só para Quem Tem Púlpito na Praça Central
A fé é diversa. A cidade é plural. E o dinheiro público pertence a todos — católicos, evangélicos, umbandistas, espíritas, judeus, muçulmanos, ateus e agnósticos.
Preservar a história não é sinônimo de privilegiar uma religião. É honrar todas as vozes que constroem Ribeirão Preto, dia após dia.
Valorize a igualdade, a justiça e o respeito mútuo — porque nenhuma alma é menos importante que outra.
JORNALISTA AIELLO DRT 3895/SP
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