Regido pela Lua e sob um grande ciclo de Saturno, 2023 requer inteligência emocional para lidar com incertezas

Determinação do planeta regente do ano não reflete uma configuração celeste específica, mas tem raízes históricas na tradição mágica dos antigos sacerdotes caldeus

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Determinação do planeta regente do ano não reflete uma configuração celeste específica, mas tem raízes históricas na tradição mágica dos antigos sacerdotes caldeus

O ano de 2023 promete muitas emoções! Será hora de testar a capacidade de lidar com incertezas, também reforçando coletivamente assuntos como a magia, o bom uso da intuição e o cuidado com questões psicoemocionais. Isso porque o regente de 2023, de acordo com a astrologia caldaica, será a Lua, ainda sob a influência do grande ciclo de 36 anos de Saturno, que teve início em 2017.

“Essa tradição astrológica remete à magia dos antigos sacerdotes caldeus”, explica a astróloga e psicanalista Virginia Gaia. Aliás, é importante salientar que a Lua, o satélite natural da Terra, é denominada “planeta”, na astrologia, pois esse era o nome dado, na Antiguidade, a todos os corpos celestes que se movimentavam em relação ao fundo de estrelas, na perspectiva do observador terrestre. 

A influência do regente do ano é sentida coletivamente, de maneira simbólica, não afetando signos zodiacais ou mapas astrais individuais, já que ela não reflete os movimentos dos planetas na esfera celeste.

“É importante entender que a determinação do planeta regente do ano não tem a mesma matriz cultural da astrologia ocidental, cuja origem é greco-romana, e que utiliza os movimentos dos astros pelos signos zodiacais para fazer previsões”, explica Gaia.

Portanto, a regência caldaica anual é um elemento a mais a ser analisado em conjunto com os movimentos dos astros no céu, denominados trânsitos astrológicos. Em 2023, teremos, por exemplo, o ingresso de Saturno no signo de Peixes, a passagem de Júpiter pelos signos de Áries e Touro e ainda a passagem de Plutão pelo signo de Aquário, cujo significado precisa ser considerado em todas as análises astrológicas.  

Com essa abordagem mais mágica e ligada às práticas ocultistas típicas da magia caldaica, o ano da Lua homenageia aquela que é fundamental para a vida na Terra. Dada a sua influência nas águas e nas marés, algo notado desde os primórdios da civilização, a Lua carrega o simbolismo da fertilidade e da maternidade, ao mesmo tempo em que fomenta todos os fenômenos psíquicos, o que inclui temas como saúde mental. Vale lembrar que a influência simbólica anual da Lua se dá sob um grande ciclo de Saturno, considerado o grande transformador, que abala estruturas e pede revisões. Ela se dá pelo fato de 2023 ser o sétimo ano de um ciclo de 36 anos regidos por Saturno, que teve início em 2017.  

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Assim, pode-se dizer que saímos de um período de grande movimentação, racionalização e retomada de projetos, já que 2022 foi regido por Mercúrio, para um ano no qual a inteligência e o equilíbrio emocional serão pontos chave para lidar com um ano de incertezas e exploração de mistérios, dada a regência pela Lua. Além disso, todos os assuntos ligados ao feminino e ao satélite natural da Terra ficam em destaque, haja vista a retomada das missões espaciais à Lua, a exemplo da Missão Artemis, da Nasa, a agência espacial norte-americana que pretende levar a primeira mulher ao solo lunar.  

É na coletividade que a influência do planeta regente do ano deve ser considerada. Esse cronograma cíclico tem raízes na Mesopotâmia, terra dos antigos caldeus. A astrologia caldaica se posiciona, assim como a astrologia ocidental, ao lado de diversas outras astrologias ー árabe, maia, chinesa, indígena, quilombola, entre outras ー como uma linguagem que visa resgatar a conexão humana com o cosmos. Povo semita de grande influência na formação cultural da humanidade, os caldeus também influenciaram inúmeros sistemas mágicos ao longo da história. “Há até astrólogos ocidentais que não adotam essa sequência caldaica em complemento à análise dos trânsitos astrológicos. Porém, negar sua importância histórica é um erro de natureza metodológica que reflete profundo etnocentrismo”, explica Gaia. 

A sequência dos planetas regentes dos anos é estabelecida com base na Estrela dos Magos. Também conhecida como Estrela Setenária, ela tem em cada uma de suas sete pontas os planetas que podem ser vistos a olho nu – Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno – além dos luminares: Sol e Lua.

Um dos astrólogos mais influentes no estudo da Astrologia Caldaica foi, sem dúvida Walter Gorn Old, mais conhecido por Sepharial, nome que escolheu como pseudônimo com base na linguagem angelical e nos seus estudos do alfabeto enoquiano. Sepharial publicou diversos livros sobre astrologia e ocultismo, nos quais registrou as técnicas utilizadas pelos antigos caldeus para determinar regências planetárias para os ciclos de tempo. Influente autor do século XIX, ele tem um papel fundamental para que pudéssemos ter acesso a esses estudos na atualidade.  

O sistema que utiliza a sequência de planetas dispostos na Estrela Setenária é especialmente importante para a determinação, para além dos anos, dos dias e dos horários planetários. Esse tipo de designação de regentes planetários é largamente utilizada, até hoje, em sistemas mágicos de escolas famosas na formação do pensamento ocultista no Ocidente, como a Sociedade Teosófica e a Ordem Hermética da Aurora Dourada. 

Sobre Virginia Gaia

Astróloga, taróloga, psicanalista e terapeuta holística, Virginia Gaia também ministra cursos e palestras para audiências variadas. Com presença constante como especialista em diversos meios de comunicação, é colaboradora fixa de conteúdo na Istoé. Estudiosa das ciências herméticas, do ocultismo, de religião e mitologia comparada há mais de 20 anos, Virginia é também sexóloga profissional e, em sua abordagem terapêutica, une conceitos das áreas de desenvolvimento da espiritualidade, da afetividade e da sexualidade para estimular o estabelecimento e a manutenção de relacionamentos melhores.