Gênero no Visto dos EUA e Decisão do Reino Unido Acendem Debate Sobre Biologia, Identidade e Leis

Erika Hilton (PSOL) Convidada para representar o Brasil na Brazil Conference at Harvard & MIT 2025, a parlamentar viu seu visto americano ser emitido com o gênero masculino

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Erika Hilton (PSOL), deputada federal e ativista trans, teve sua identidade de gênero colocada em xeque pelo governo dos Estados Unidos. Erika Hilton (PSOL) Convidada para representar o Brasil na Brazil Conference at Harvard & MIT 2025, a parlamentar viu seu visto americano ser emitido com o gênero masculino, em contraste com sua identidade feminina autodeclarada.

A emissão do documento, feita no dia 3 de abril, reflete políticas herdadas da era Trump, que em seu primeiro dia de mandato assinou ordens restringindo o reconhecimento legal de identidade de gênero diferente do sexo biológico. Erika Hilton, em protesto, recusou-se a utilizar o documento e cancelou sua ida ao evento internacional.

Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, a Suprema Corte do Reino Unido deu um passo ainda mais decisivo: determinou que a palavra “mulher” e o termo “sexo” na legislação britânica se referem exclusivamente ao sexo biológico. A decisão, unânime, foi tomada com base na Lei da Igualdade de 2010, marco jurídico que visa combater a discriminação.

O vice-presidente do tribunal, Lord Hodge, declarou:

“A decisão unânime deste tribunal é que os termos ‘mulher’ e ‘sexo’ na Lei da Igualdade de 2010 se referem a mulheres biológicas e sexo biológico”.
Apesar da contundência da declaração, ele tentou aliviar o impacto social, dizendo que a decisão “não causa desvantagem às pessoas trans”, pois ainda têm proteções legais sob outras leis de igualdade e antidiscriminação.

A questão, no entanto, vai além da letra fria da lei. O que está em jogo é o conflito entre direitos individuais e os limites da biologia, entre o que se sente e o que se é. O caso da deputada brasileira, impedida de representar o país por causa de um visto que a classifica de maneira distinta do que ela afirma ser, escancara um debate global: deve o sentimento de identidade se sobrepor aos registros biológicos?

Nos Estados Unidos, especialmente durante a gestão republicana, houve uma onda de restrições ao reconhecimento legal de pessoas trans. Termos como “gay”, “lésbica” e “transgênero” foram, inclusive, banidos de sites oficiais do governo federal durante a gestão Trump. Agora, a política conservadora americana parece mostrar reflexos concretos nas relações diplomáticas.

O que se vê é o choque entre a militância progressista e as políticas de base conservadora, que voltam a ganhar espaço em países do primeiro mundo. A biologia, até então ignorada ou relativizada, retorna ao centro da legislação em cortes superiores.

🚨 O fato é que: a ciência pode ser desafiada por ideologias, mas não pode ser anulada por elas.

Especialista da área da matéria do portal em Ribeirão, o único portal independente da região que não recebe verbas públicas.

JORNALISTA AIELLO