Diante do caos na saúde pública, da fila de meses para especialidades médicas, da espera de horas nas UPAs, da falta de leitos hospitalares, da ausência de casas de repouso para idosos, da inexistência de um setor específico para doenças mentais, o prefeito Ricardo Silva finalmente toma uma decisão sensata: cancelar a construção de uma nova sede para a Prefeitura de Ribeirão Preto.
A obra faraônica, contratada no final da gestão passada ao custo absurdo de R$ 175 milhões, era totalmente desnecessária para a cidade. Com o mínimo de sensatez, o atual prefeito anunciou nesta quinta-feira (10) que o projeto será cancelado definitivamente. Uma decisão que, embora tardia, impede mais desperdício de dinheiro público com tijolos e cimento enquanto a população agoniza.
Desde o começo de sua gestão, Ricardo Silva deixou claro seu descontentamento com a obra herdada. Em seus primeiros 100 dias, reafirmou: Ribeirão Preto tem prioridades mais urgentes do que construir um prédio de luxo para servidores.
A obra, discutida por sete anos entre políticos e entidades civis, prometia melhorar o atendimento à população e reduzir gastos públicos — promessas vazias que a prática diária desmentia. A cidade, que teve seu histórico Palácio Rio Branco desocupado por problemas estruturais, opera hoje na antiga sede da Caixa Econômica Federal no Centro, sem grandes prejuízos ao funcionamento administrativo.
Rescisão contratual
Com o cancelamento, a Prefeitura terá de arcar com a indenização para a empresa que começou as obras, conforme contrato. Segundo o prefeito, a multa ainda está sendo calculada, mas deve girar em torno de R$ 75 mil — valor bem inferior aos R$ 175 milhões que seriam queimados em cimento.
As negociações para formalizar a rescisão contratual já começaram.
Casa do Autista: um passo, mas e os demais?
Parte do dinheiro poupado será utilizada para construir a Casa do Autista, projeto inspirado em iniciativa semelhante de Balneário Camboriú (SC). Uma ação politicamente correta e louvável, mas que não resolve o abandono dos idosos, dos doentes mentais e das filas intermináveis nos hospitais.
“Estamos planejando também com o dinheiro que nós vamos economizar da não construção da nova prefeitura, construir a casa do autista”, disse Ricardo Silva. A iniciativa é boa, mas soa como um alívio de consciência diante do enorme passivo social que Ribeirão Preto acumula há anos.
A cidade precisa de mais do que gestos simbólicos: precisa de hospitais, leitos, atendimento especializado para doenças mentais e centros de acolhimento para idosos.
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“Coragem é agir certo, mesmo quando todos querem o errado.”
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