Caos na Saúde Mental em Ribeirão Preto: Um Caso que Escancara a Falência do Sistema

Prefeito Duarte Nogueira e secretário Sandro Scarpelini estão aumentando casos de suicidios em Ribeirão Preto por puro descaso

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Luis e o Inferno do Descaso Público

Luis (nome fictício), morador de Ribeirão Preto, é mais uma vítima do colapso da saúde mental no município. Diagnosticado com depressão profunda, sua luta por atendimento digno revela a negligência de um sistema desarticulado, burocrático e insensível às necessidades dos mais vulneráveis.

Há seis meses, Luis vive com pensamentos suicidas.

Ele já tentou acabar com a própria vida, ferindo-se com cortes profundos nas pernas. Sua situação física e psicológica o impede de buscar ajuda com facilidade, mas, mesmo assim, ele e sua família tentaram seguir o tortuoso caminho oferecido pela Secretaria de Saúde, sob a gestão do prefeito Duarte Nogueira e do secretário Sandro Scarpelini.

“Ajuda” que Desespera

  1. Primeiro passo: a peregrinação A filha de Luis foi ao Posto Central de Saúde, referência para tratamento mental, onde recebeu duas opções:
    • Conseguir um encaminhamento para consulta direto no posto.
    • Procurar uma UPA, onde um médico, ciente da gravidade do caso, poderia indicar internação urgente.
  2. O caos na UPA da 13 de Maio Luis, relutante, decidiu procurar a UPA. O que deveria ser um atendimento emergencial revelou-se um exemplo claro de desumanidade:
    • Após exames rápidos, ele aguardou 90 minutos até uma enfermeira, surpresa por ele ainda estar ali sem ser medicado conforme indicado pelo medico que o atendeu, prometeu resolver o caso.
    • A equipe de enfermagem, sobrecarregada e correndo para atender a demanda, esqueceu Luis por horas.
    • Passados 2h30, Luis procurou o médico responsável da sala de medicamentos, que sequer estava ciente da situação. O caso foi mais uma vez negligenciado.
    • Após insistência, trouxeram-lhe um comprimido de Rivotril, que obviamente não surtiu efeito imediato para um paciente em crise.
  3. A “internação” desumana
    • O médico informou que Luis ficaria internado na sala de medicação, um local inadequado, onde a única acomodação disponível são poltronas reclináveis.
    • O ambiente era compartilhado com pacientes alcoolizados, usuários de drogas e moradores de rua em surto psicótico, um cenário nada adequado para alguém em estado depressivo grave.
  4. Falta de comunicação e de dignidade
    • Em seis horas de espera, ninguém explicou a Luis quais medicamentos seriam utilizados, o objetivo do tratamento ou o que ele poderia esperar da internação.
    • A sensação de abandono e a total falta de informações levaram Luis a desistir e voltar para casa, ainda mais desamparado do que chegou.

A Farsa do Atendimento Psiquiátrico em Ribeirão Preto

O Posto Central de Saúde Mental foi fechado pela prefeitura para atender exclusivamente pacientes psiquiátricos, mas, ironicamente, a estrutura permanece subutilizada. A alternativa oferecida, o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), realiza absurdos dois atendimentos por dia. Isso em uma cidade de 700 mil habitantes. A matemática é simples e cruel: se depender do CAPS, um paciente pode esperar meses por atendimento.

Erros Críticos da Gestão Municipal

  1. Falta de alinhamento e informações desencontradas
    • Os procedimentos indicados no Posto Central são diferentes dos adotados na UPA, evidenciando que os sistemas de saúde não se comunicam. Como pode uma secretaria de saúde permitir tamanha desorganização?
  2. Infraestrutura inadequada
    • Milhões são gastos em obras pela cidade e a saude fica sempre em segundo plano, enquanto espaços como a sala de medicação da UPA são improvisados e incapazes de oferecer dignidade.
  3. Atendimento insuficiente
    • Dois atendimentos diários no CAPS são insuficientes para a demanda de uma cidade do porte de Ribeirão Preto. A gestão municipal parece ignorar o impacto da saúde mental na qualidade de vida da população.

O que a Prefeitura e a Secretaria de Saúde Dizem?

Duarte Nogueira e Sandro Scarpelini estão cientes de que uma população que enfrenta filas intermináveis, tratamentos improvisados e a desumanidade nos atendimentos não pode confiar em um sistema público que falha nos seus pilares básicos. Onde está o dinheiro das obras que deveriam melhorar os atendimentos? Por que estruturas fechadas ou outros equipamentos como hospital Santa Lidia e demais conveniados não são aproveitadas para atender os casos mais graves?

Conclusão

O caso de Luis não é uma exceção, mas um reflexo cruel do abandono enfrentado por milhares de pessoas. A saúde mental, já marginalizada, é tratada com descaso em Ribeirão Preto.

O que falta: dinheiro, planejamento ou vontade política? Enquanto a gestão municipal prioriza obras faraônicas sem uso, vidas são perdidas em filas e corredores.

Nos últimos 12 meses, os dados disponíveis indicam um aumento significativo nos casos diagnosticados de depressão e nas taxas de suicídio em Ribeirão Preto.

Casos Diagnosticados de Depressão: A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 revelou que a prevalência de depressão autorreferida na população brasileira adulta foi de 10,2%. Embora não haja dados específicos para Ribeirão Preto, estudos nacionais apontam para um aumento na prevalência de casos diagnosticados de depressão nos últimos anos. Por exemplo, entre 2013 e 2019, a prevalência de depressão autorreferida aumentou de 7,6% para 10,2% no Brasil

Taxas de Suicídio: Em relação às taxas de suicídio, a região de Ribeirão Preto apresentou números alarmantes. Em 2019, foram registrados 106 óbitos por suicídio na região, com uma taxa de 8,25 por 100.000 habitantes

Saúde SP. Embora não haja dados atualizados para 2023, a tendência crescente nos anos anteriores sugere que as taxas podem e devem ter aumentado. E com o descaso vivido pelos moradores acredita-se que os casos são muito maiores.

É importante ressaltar que esses números refletem uma realidade preocupante e indicam a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para prevenção e tratamento da depressão, bem como estratégias de prevenção ao suicídio em Ribeirão Preto.

A depressão profunda é uma condição debilitante que vai além da tristeza e afeta a capacidade de uma pessoa realizar atividades básicas do dia a dia. Os sintomas e reflexos mais graves podem levar à total incapacitação para o trabalho e dificuldades extremas na vida cotidiana. Abaixo, seguem os principais impactos:


1. Sintomas Graves de Depressão Profunda

  • Pensamentos Suicidas: Desejo recorrente de acabar com a própria vida, que pode levar a tentativas de suicídio.
  • Anedonia: Incapacidade de sentir prazer em atividades que antes eram agradáveis, resultando em isolamento social e perda de motivação.
  • Alterações Cognitivas:
    • Dificuldade de concentração, raciocínio e tomada de decisões.
    • Perda de memória e sensação de confusão mental.
  • Fadiga Extrema:
    • Sensação constante de cansaço, mesmo após períodos de repouso.
    • Incapacidade de realizar tarefas simples, como se levantar da cama ou tomar banho.
  • Distúrbios do Sono:
    • Insônia severa ou hipersonia (sono excessivo), prejudicando o descanso necessário para a saúde mental.
  • Dor Física:
    • Sintomas psicossomáticos, como dores musculares, dores de cabeça crônicas e problemas gastrointestinais.

2. Reflexos no Trabalho

  • Produtividade Zero:
    • Dificuldade em cumprir prazos ou realizar tarefas devido à falta de foco e motivação.
  • Faltas Frequentes:
    • Incapacidade de comparecer ao trabalho regularmente devido à exaustão física e emocional.
  • Desempenho Prejudicado:
    • Erros constantes em tarefas antes executadas com facilidade, levando a demissões ou afastamento por invalidez.
  • Perda de Empatia e Socialização:
    • Dificuldade em interagir com colegas de trabalho, agravando o isolamento.

3. Dificuldades no Dia a Dia

  • Incapacidade de Cuidar de Si Mesmo:
    • Negligência na higiene pessoal, alimentação irregular ou inadequada.
    • Dificuldade em manter a organização doméstica, resultando em ambientes desordenados e insalubres.
  • Relacionamentos Fragilizados:
    • Irritabilidade e falta de energia emocional para manter laços com familiares e amigos.
  • Dependência de Terceiros:
    • Necessidade de ajuda constante para tarefas básicas, como compras ou idas ao médico.
  • Medo de Enfrentar o Mundo:
    • Episódios de pânico ao sair de casa, levando ao confinamento e isolamento.

4. Impactos na Saúde Geral

  • Doenças Secundárias:
    • Desenvolvimento de hipertensão, diabetes e doenças cardíacas devido ao estresse crônico e ao sedentarismo.
  • Vulnerabilidade ao Abuso de Substâncias:
    • Uso de álcool ou drogas como fuga temporária dos sintomas, agravando o quadro clínico.

A depressão profunda é uma condição que rouba não apenas a alegria de viver, mas também a autonomia e a dignidade de quem a enfrenta. É fundamental que haja suporte médico, psicológico e social adequado para esses indivíduos, além de políticas públicas que garantam acesso rápido e eficiente ao tratamento.

A negligência não pode ser aceita como norma. A saúde mental é um direito, e vidas como a de Luis merecem respeito.

Por JORNALISTA AIELLO – Especialista da área da matéria do portal em Ribeirão, o único portal independente da região que não recebe verbas públicas.