A fila de espera do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) atingiu o alarmante patamar de 1.798.886 pessoas em setembro de 2024, de acordo com o Boletim Estatístico da Previdência Social (Beps). Esse número reflete um cenário crítico, onde a demanda por atendimentos e concessões de benefícios é significativamente superior à capacidade de resposta do órgão, afetando diretamente a vida de milhões de brasileiros que dependem desses serviços para garantir seu sustento e, muitas vezes, sua sobrevivência.
O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, reconheceu que o volume de requerimentos tem aumentado de forma expressiva, um reflexo direto da reforma da Previdência de 2019. Apesar disso, Stefanutto afirmou que a greve dos servidores do INSS, que durou 114 dias entre julho e novembro, não impactou na análise dos processos. “Aumentou muito o número de requerimentos e é natural que você tenha um aumento no estoque. Nós já estamos fazendo mudanças, passando mais coisa para o automático, para fazer frente a esse número. Estamos tranquilos com isso, mas atentos”, comentou o presidente.
No entanto, os dados mostram que a paralisação dos servidores coincidiu com um aumento no número de processos acumulados. Em janeiro de 2024, a fila já contava com 1.569.602 pessoas, com um número relativamente equilibrado entre os requerimentos que estavam em análise há menos ou mais de 45 dias. Esse número decresceu até junho, quando alcançou 1.353.910 pessoas. No período, foi possível observar maior agilidade nas concessões, reduzindo a quantidade de beneficiários que aguardavam por mais de 45 dias.
Com a greve iniciada em julho, a fila voltou a crescer progressivamente, alcançando seu pico em setembro. Nesse mês, 1.093.835 pessoas esperavam por menos de 45 dias, enquanto outras 705.051 aguardavam há mais de 45 dias. A maior parte, 1.479.055 pessoas, aguardava algum retorno do INSS ou a realização de uma perícia médica. Apenas 319.831 segurados precisavam cumprir alguma exigência documental.
O ministro da Previdência, Carlos Lupi, que havia prometido zerar a fila de concessão de benefícios e reduzir o tempo de espera ao assumir o cargo, posteriormente admitiu a dificuldade da tarefa, afirmando que é “impossível” eliminar completamente a fila. Atualmente, a legislação estabelece um prazo de 45 dias para o pagamento de benefícios previdenciários e do Benefício de Prestção Continuada (BPC), contados a partir da data de apresentação da documentação necessária.
Em meio ao cenário de fila crescente, também houve aumento das despesas com o INSS em 2024. Mesmo com um estoque ampliado, o número de concessões cresceu, e o aumento nos gastos está relacionado à nova política de valorização do salário mínimo. Este cenário reforça a necessidade de soluções eficazes para melhorar a gestão e o atendimento do INSS, garantindo que os beneficiários não sejam prejudicados por atrasos que colocam em risco sua dignidade e qualidade de vida.