Um grande acordo selou o resultado desta eleição a muitos meses, a divisão de cargos e agrados pelo visto foi negoiado inclusive com os opostos. Pobre Ribeiraopretanos.
As eleições em Ribeirão Preto parecem seguir o roteiro de uma campanha eleitoral, mas, na prática, o que se vê é uma disputa sem verdadeira competição. O principal candidato, que desponta como franco favorito, articulou uma coligação robusta, envolvendo diversos partidos políticos. Essa estratégia foi cuidadosamente desenhada para maximizar seu tempo na TV e no rádio, além de garantir uma considerável fatia do fundo eleitoral.
Contudo, o apoio de tantos partidos não vem de graça. Há um pacto implícito entre os envolvidos: após as eleições, caso o candidato realmente vença, cada legenda que compôs a coligação terá sua vez de cobrar o preço. O valor desse apoio será pago com a oferta de secretarias, cargos estratégicos e outras posições no governo municipal, criando uma espécie de partilha do poder antes mesmo do pleito ser decidido nas urnas.
Mas o mais curioso é a postura dos partidos que não aderiram à coligação. Mesmo fora da aliança, eles não demonstram preocupação ou resistência real. Isso ocorre porque, diante da inevitável derrota, muitos desses partidos já preveem que serão contemplados em algum grau na administração futura. A promessa de manter a “paz política” e evitar grandes confrontos é a moeda de troca para assegurar que todas as siglas, vencedoras ou derrotadas, sejam recompensadas com posições dentro da máquina pública.
Na prática, o eleitorado de Ribeirão Preto está diante de um cenário no qual o processo eleitoral parece já estar selado. Independentemente do resultado final, os principais atores políticos estão mais interessados em garantir sua fatia no poder do que em disputar ideias ou apresentar propostas realmente diferenciadas para a cidade. O que está em jogo, então, não é apenas a escolha de quem governará, mas sim uma grande negociação de bastidores, onde os cargos e espaços no governo são moeda de troca, e a população acaba como mera espectadora de um processo já predefinido nos corredores da política local.