🔍 EVANGÉLICOS DOMINAM URNAS E AMPLIAM INFLUÊNCIA NO CENÁRIO POLÍTICO NACIONAL 🔍
Especialista da área da matéria do portal em Ribeirão, o único portal independente da região que não recebe verbas públicas.
Resumo:
O número de candidatos com identidade religiosa nas eleições municipais de 2024 aumentou 225% em relação ao ano 2000, com forte destaque para os candidatos evangélicos. Eles dominam as urnas, representando mais de 91% dos nomes religiosos usados nas campanhas. O estudo, conduzido pelo Instituto de Pesquisa e Reputação de Imagem (IPRI), revela que a mobilização religiosa tem se mostrado uma ferramenta eleitoral eficaz ao longo dos anos, ampliando a presença de líderes religiosos no cenário político brasileiro.
Matéria Completa:
O cenário das eleições de 2024 traz uma constatação impressionante: candidaturas com identidade religiosa aumentaram 225% nos últimos 24 anos. Segundo um levantamento do Instituto de Pesquisa e Reputação de Imagem (IPRI), o número de candidatos que fazem uso explícito de referências religiosas em seus nomes de campanha saltou de 2.215 em 2000 para 7.206 em 2024. Isso mostra que a fé tem se tornado uma ferramenta poderosa nas eleições locais, refletindo uma tendência de crescimento acelerado em comparação ao aumento geral de candidaturas, que foi de apenas 14% no mesmo período.
Entre os termos mais utilizados nas candidaturas religiosas, predominam os vinculados às denominações evangélicas. “Pastor”, “irmão”, “pastora”, “irmã” e “missionária” são os títulos mais comuns entre os nomes de candidatos que buscam o voto dos eleitores, somando mais de 6.557 candidaturas, o que representa 91% de todas as candidaturas com viés religioso.
Esse aumento no uso de nomes religiosos não é coincidência. Desde o início dos anos 90, quando a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) começou a convocar evangélicos a se envolverem diretamente na política, a mobilização religiosa passou a ser uma constante nos pleitos eleitorais, impulsionada por pautas morais como o aborto e a defesa de valores tradicionais. Hoje, a presença de líderes evangélicos na política é marcante e continua a crescer.
A queda recente nas candidaturas totais, de 557.678 em 2020 para 454.689 em 2024, reflete mudanças na legislação eleitoral, como o fim das coligações proporcionais e a organização dos partidos em federações. No entanto, essa redução não impediu o aumento das candidaturas religiosas, mostrando a força que a fé tem ganhado como um componente importante nas campanhas políticas.
Segundo Marcelo Tokarski, sócio-diretor do IPRI, o aumento no uso de nomes religiosos reflete uma estratégia eficaz para ganhar votos, mas ele alerta: “Isso não significa necessariamente que esses candidatos serão eleitos em maior número, já que muitos fatores, como a distribuição de recursos de campanha, podem influenciar os resultados finais.”
A antropóloga Lívia Reis, da UFRJ, aponta que a ocupação religiosa do espaço político tem suas raízes na redemocratização do Brasil e na maior liberdade religiosa garantida pela Constituição de 1988. Para Reis, “a religião, principalmente a evangélica, passou a ser uma ferramenta para ocupar posições de poder, especialmente em câmaras municipais e na defesa de pautas conservadoras.”
Mesmo que os candidatos evangélicos dominem o cenário, há também espaço para candidatos de religiões de matriz africana e católicos, embora em menor quantidade. Nas eleições de 2024, nomes como pai, mãe, babalorixá e padre apareceram, mas em números bem mais modestos, evidenciando que o evangelismo tem sido o grande protagonista entre as candidaturas religiosas.
Nas eleições de 2020, por exemplo, uma pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER) em oito capitais brasileiras mostrou que candidaturas religiosas representaram 10,71% do total de candidatos a vereador, mas que 51,35% das cadeiras nas câmaras municipais foram ocupadas por esses candidatos. Isso comprova a eficácia de mobilizar a religiosidade como estratégia eleitoral.
Conclusão:
O crescimento das candidaturas religiosas no Brasil não pode ser ignorado. Em 2024, a fé se mostra mais forte do que nunca nas urnas, com uma presença massiva de líderes evangélicos. Esse fenômeno reflete uma sociedade que valoriza a moralidade e os princípios cristãos, mas também evidencia a capacidade dessas candidaturas de se organizar e mobilizar os eleitores.
Motivação Final:
“Não importa o quão difícil pareça, a fé e a perseverança sempre trazem a vitória.”
Jornalista Aiello