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Europa já vinha com falta de alimentos, a inflação nos Estados Unidos já é a maior dos últimos 40 anos, e com a guerra a situação mundial deve piorar muito caso a situação perdure.

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Cenário tende à elevação de preços de combustíveis, provocando a alta da inflação e da taxa básica de juros no país

A invasão da Rússia à Ucrânia terá impacto também no bolso dos brasileiros. O cenário tende a resultar em novos reajustes dos preços da gasolina, diesel e do gás, além da elevação dos preços do trigo e milho, o que pode manter a inflação e a taxa básica de juros em alta neste ano.

Os efeitos imediatos já foram sentidos com a disparada do preço no mercado glogal de petróleo nesta quinta-feira (24), com o brent superando US$ 105 o barril pela primeira vez desde 2014, e o dólar fechando em alta de 2,03%, a R$ 5,10, no Brasil, a maior valorização em cinco meses, após série de quedas e de chegar à casa de R$ 4,99, no dia anterior.

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O desdobramento da guerra vai definir o caminho do dólar, de acordo com economista Liao Yu Chieh, educador financeiro do C6 e professor do Insper. “A inflação brasileira, a taxa básica de juros e o desdobramento da guerra serão muito importantes para direcionar o dólar para cima ou para baixo, com mais ou menos vigor”, explica Liao.

Segundo ele, a grande pressão que contribuiu para a série de queda da moeda norte-americana foi de investidores estrangeiros, atraídos pela taxa de juros de dois dígitos do Brasil. Esses investidores, que acompanham de perto os conflitos entre Rússia e Ucrânia, acabam saindo de lugares mais instáveis e vão para “portos seguros”, como os Estados Unidos, pressionando a nossa moeda.

“A grande análise que tem de ser feita é quanto pode piorar essa guerra. Estruturalmente, o dólar vinha caindo, mas, se essa guerra piorar, o nosso câmbio tende a sofrer muito mais, com a saída de recursos de investidores”, avalia o educador financeiro do C6.

Joaquim Racy, economista e professor de política internacional da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirmou que o primeiro impacto da crise, já apresentado pelos indicadores, está relacionado justamente às cotações do petróleo, da energia e do gás.

“Além do preço, há uma chance de desabastecimento, que pode trazer consequências inevitáveis para o mundo inteiro”, afirma Racy, ao citar a dependência que alguns países têm dos recursos exportados pela Rússia.

Os reflexos também podem manter a inflação no patamar mais elevado, assim como a taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 10,75%. Para o economista Armando Castelar, pesquisador do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getulio Vargas), a projeção para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deve passar dos atuais 6% para 6,3%.

Segundo ele, o resultado do IPCA-15 deste mês, de 0,99% e acima do esperado, já indica que talvez o Banco Central tenha de ir além de 12,25% ao ano com a Selic.

Na avaliação do economista e consultor Alexandre Schwartsman, o conflito afeta produtos importados pelo Brasil, como petróleo, gás e trigo. “Quando há um aumento de preços em produtos que exportamos mais, há o impacto da inflação, mas também há o efeito positivo para o produto, o que movimenta a atividade. Nesse caso, teremos só o impacto do aumento de preços.”

Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, também aponta a pressão inflacionária como foco de preocupação neste momento, especialmente nos preços de grãos, trigo, milho e petróleo, que estão subindo no atacado e devem chegar ao consumidor.

Por enquanto, a LCA não mudou a projeção para o ano de um IPCA de 6%. Depois da divulgação do IPC-A15 de fevereiro, que veio acima das expectativas, a consultoria passou a considerar viés de alta nessa projeção, que agora foi reforçado por causa desse conflito.

Outro impacto do conflito, alertado por Imaizumi, é uma piora no fluxo das cadeias globais de produção que já estavam com problemas por causa da pandemia.

Segundo ele, esse quadro pode se agravar agora, com aumento de preços de fretes internacionais, por exemplo.