A COVID-19 ainda é sinônimo de muito mistério na área da medicina, e um estudo recente da University College de Londres, publicado na revista científica Science na última terça-feira (4), levantou uma questão pertinente sobre a doença: será que pessoas que contraíram vírus de resfriado comum podem ganhar imunidade?
De acordo com um estudo anterior realizado na Alemanha, pessoas que nunca foram infectadas pelo vírus SARS-CoV-2, o causador da COVID-19, podem possuir imunidade contra esse patógeno caso já tenham sido infectadas por outros tipos de coronavírus que só causam resfriados mais amenos.
Algumas das primeiras dicas de imunidade pré-existente vieram das células T, os glóbulos brancos que destroem as células infectadas no corpo ou ajudam outras partes do sistema imunológico a atingir um patógeno invasor.
Dos 68 doadores saudáveis que foram testados e que foram considerados negativos, 24 tinham um pequeno número de células T no sangue que reagiram quando expostas à proteína spike (S) — uma estrutura complexa de formato espinhoso que se projeta da superfície externa do vírus.
O estudo explica que as células em questão produziam proteínas em suas superfícies, uma indicação de uma resposta imune.
Já esse estudo da Science, liderado pelo biólogo colombiano José Mateus, do Instituto de Imunologia de La Jolla, na Califórnia, descreve como amostras de sangue coletadas antes de 2019, quando o SARS-CoV-2 ainda não estava circulando, foram capazes de reagir contra este vírus.
A resposta imune contra o patógeno foi do tipo celular, na qual linfócitos T, uma classe específica de células do sistema, atacam outras células infectadas.
O estudo identificou que o mesmo mecanismo de ataque que já existe em algumas pessoas contra o SARS-CoV-2 se aplicava aos outros coronavírus de resfriado, especificamente os vírus OC43, 229E, NL63 e HKU1.
Os responsáveis pelo trabalho apontam que a “memória” imune gerada por essas células pode ajudar a explicar por que o impacto da COVID-19 varia mesmo entre pacientes com mesma faixa etária e perfil, e defendem que a variedade de memórias de células T aos coronavírus que causam o resfriado comum pode estar por trás de pelo menos parte da heterogeneidade observada na COVID-19″, escreveram os cientistas.