Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) sobre o câncer de próstata revelam um quadro preocupante: até o final do ano estima-se que o biênio 2018-2019 terá 68.220 novos casos da doença. Tal número corresponde a sete casos a cada hora, somando 31,7% dos diagnósticos de todos os tipos da doença registrados no país, fazendo deste o mais incidente entre os homens depois do carcinoma de pele não-melanoma. No âmbito mundial, a tendência é igualmente inquietante, sendo este responsável por 4% das mortes somados todos os tipos de tumores segundo a GLOBOCAN 2018.
O impacto é sentido até mesmo economicamente. Segundo um estudo da Unidade de Inteligência da revista The Economist as perdas apenas no Brasil somaram — em 2015 — mais de um bilhão de dólares não corrigidos pela inflação. Esse horizonte, seja no espectro pessoal ou nacional, não é, como pode parecer, uma sentença, pois o câncer de próstata é um tipo de neoplasia maligna (tumor) com uma perspectiva de cura otimista caso seja identificado rapidamente.
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“Pessoas que estejam na faixa de risco, composta por homens acima de 50 anos, com histórico familiar, precisam discutir com seu médico sobre o rastreamento e os exames necessários. Mas, em geral, todos os homens devem fazer acompanhamento anual”, explica André Fay, oncologista do Grupo Oncoclínicas no Rio Grande do Sul.
Um dos principais obstáculos na prevenção e detecção desse tumor, e outros que afetam apenas a população do gênero masculino, é exatamente a falta de informação. Uma pesquisa realizada em 2017 pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), encomendada pelo Datafolha, indicou que 21% do público masculino acredita que o exame de toque retal “não é coisa de homem”. Considerando aqueles com mais de 60 anos (grupo de risco), 38% disseram não achar o procedimento relevante. Outro dado do IBGE mostrou que aproximadamente 5,7 milhões de homens de 50 anos ou mais realizaram exame físico ou de toque retal nos 12 meses anteriores à pesquisa, equivalendo a apenas 25% dessa faixa de idade.
Por isso a importância de campanhas informativas como a promovida pelo Instituto Oncoclínicas – iniciativa do corpo clínico do Grupo Oncoclínicas para promoção à saúde, educação médica continuada e pesquisa -, em parceria com a SBU para desmistificar o exame de toque retal. A ação lançada neste mês de Novembro é protagonizada pelo apresentador, ator, roteirista, diretor e escritor Marcelo Tas e tem como foco central a difusão de conhecimento por meio das mídias sociais.
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“Precisamos esclarecer à sociedade em geral que o exame de toque retal, essencial para a prevenção e detecção do câncer de próstata em estágios iniciais, não precisa ser um tabu. O teste dura em média sete segundos, é simples, não causa dores ou complicações após sua realização e, acima de tudo, é essencial para uma vida saudável”, explica Bruno Ferrari, presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas e um dos idealizadores da campanha.
Fay concorda e adiciona: a melhor forma de combater esse tipo de preconceito é com a melhoria e a ampliação das informações.
“Este é, de longe, o tipo de câncer mais comum entre os homens. O número de mortes também está aumentando e o exame de toque retal, juntamente com o avaliação do PSA, é fundamental para diagnosticar o tumor em estágios iniciais e salvar essas vidas. À medida que os homens saibam, cada vez mais, da sua importância para curar a doença, em caso de diagnóstico, menos preconceito e mais consciência terá”, afirma.
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Tumores próximos também deixam homem refém de seu próprio desconhecimento
A falta de autocuidado masculino vai mesmo além das consequências para a próstata, alcançando também partes que, em tese, deveriam receber maior atenção médica: o pênis e os testículos. Ainda que menos prevalentes (2% e 5% dos casos respectivamente), os cânceres peniano e testicular também deixam o homem refém de seu próprio desconhecimento.
O tumor de pênis tem uma relação íntima com fatores que fogem da genética: a falta de uma boa higiene — leia-se não limpar o órgão com a devida atenção — tem uma relação causal direta no número de casos, que são responsáveis por mais de mil amputações todos os anos. Outro fator de risco é infecção — geralmente via relação sexual – por HPV (papilomavírus humano), que hoje é considerado uma epidemia global e está prevalente em 54,6% da população brasileira de 16 a 25 anos.
O câncer testicular, por sua vez, não tem tal correlação com fatores ambientais, mas indica um dado alarmante: a maior incidência ocorre em homens mais jovens, em idades entre 15 e 50 anos. Nessa fase, segundo dados do Ministério da saúde, existe chance de o tumor ser confundido, ou até mesmo mascarado, por um processo inflamatório ou infeccioso envolvendo o testículo. Anualmente morrem cerca de 360 pessoas pela doença, muitas vezes diagnosticadas já em estágios mais graves.
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“É importante ampliar as conversas sobre esses tumores também. O de pênis, que pode levar à amputação do órgão, felizmente é raro. A adequada higiene e o uso da camisinha para evitar o contágio do HPV são as melhores formas de prevenção. Mas o câncer de testículo, que atinge homens mais jovens, é altamente curável, um dos tumores mais curáveis dentro da oncologia, principalmente se diagnosticados precocemente. Então, é fundamental que o homem busque um médico sentindo ou percebendo qualquer alteração nos testículos”, diz Fay
Incentivo a uma vida mais saudável e mudança de perspectiva
Uma revisão sistemática e meta-análise de pesquisadores chineses chegou a um quadro mais transparente de que há uma associação — ainda que pequena — entre atividade física e a diminuição de chances de aparecer câncer de próstata. Ainda que tal estudo não envolva os outros tumores citados anteriormente, o INCA e o Ministério da Saúde concordam que uma rotina de vida saudável, alimentação balanceada e outros pode ajudar na prevenção de diversos tipos de carcinomas.
André Fay assina embaixo: “Este é uma recomendação que vai, é claro, para além do mês de novembro, uma vida saudável, exercícios e boa alimentação, evitar o excesso de álcool, o tabagismo e o sedentarismo são importantes ações que previnem o câncer e também diversas outras doenças”, enfatiza.
A relação mais importante, porém, relacionada aos homens parece ser diagnóstico precoce e o autocuidado proativo e preventivo, algo que não é comum no público masculino, tradicionalmente reticente e orgulhoso para procurar atendimento especializado e compartilhar suas fragilidades. Não à toa, 70% das mulheres comparecem às consultas médicas do parceiro segundo levantamento realizado pelo Centro de Referência em Saúde do Homem do Estado de SP.
“Cercados conceitos e preconceitos facilmente quebráveis caso haja interesse e disposição, tipos de câncer como próstata, pênis e testículo necessitam, além do acompanhamento médico, de uma mudança de perspectiva por parte dos homens”, reforça Ferrari.
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Oncoclínicas e SBU unidos no combate ao câncer de próstata
Com o mote “São só sete segundos”, a ação do Instituto Oncoclínicas com a SBU traz Marcelo Tas como porta-voz de um vídeo educativo com o objetivo de estimular a população masculina a realizar o exame clínico de toque retal, principal ferramenta clínica de avaliação da próstata. Além disso, a ação incentiva o acompanhamento contínuo da saúde com outros testes complementares e atenção a quaisquer sinais de alerta que indiquem possibilidade da doença.
“A maior barreira é esse homem entender os cuidados que ele precisa ter sempre, como se observar e ir ao médico com frequência para acompanhamento de qualquer alteração. É papel dos profissionais de saúde e entidades do segmento estimular acesso à informação clara e objetiva para que a população em geral busque o acompanhamento médico preventivo periodicamente”, finaliza o oncologista Bruno Ferrari.
InORP Grupo Oncoclínicas em Ribeirão Preto
Reconhecido por sua atuação de excelência, o InORP Grupo Oncoclínicas, há 35 anos, oferece atendimento integral, individualizado e acolhedor, nas especialidades de oncologia, hematologia, cuidados continuados, psicologia, nutrição, fisioterapia e centro de infusão. O instituto com sede em Ribeirão Preto atua também nas cidades de Pirassununga (Santa Casa), Matão (Hospital Carlos Fernando Malzoni) e Mococa (Santa Casa) com atendimentos convênios e particulares.