A terça-feira (31) foi dia de festa no Lar da Terceira Idade Padre Antonio Luiz Dias, em Camboriú (SC).
Manuel Antunes de Souza comemorou seus 110 anos tomado uma cervejinha.
O centenário tem fama de festeiro. Em um ritual diário, ele toca sua gaita de boca quando acorda e, claro, que não perdeu a oportunidade de fazer música no seu aniversário. “A gaita está fraca, mas ainda toca”, brincou Manuel, já que o fôlego não é mais o mesmo.
Surpreendentemente, ele vive uma velhice sem dores. Não sofre de nenhuma doença comum na terceira idade. Nunca teve hipertensão, osteoporose, diabete, cegueira, surdez, mal de Parkinson, Alzheimer, bronquite, infarto ou AVC. Essas doenças afetam três em cada quatro idosos com mais de 60 anos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
“Ele não se queixa de nada, é extremamente saudável e não toma nenhum remédio”, conta a coordenadora da instituição, Paola Hoffmann.
O idoso não sabe explicar o segredo da sua longevidade. Teve uma vida simples, não aprendeu a ler nem escrever. Mas cresceu integrado à natureza, plantava seus alimentos e foi como permaneceu até não conseguir mais cuidar de si. Trabalhou durante anos como açougueiro até ir morar num sítio em Camboriú, aos 90 anos.
Ele não teve filhos e a companheira morreu há alguns anos. Não tem mais ninguém na família. Morou no sítio até os 102 anos, se cuidando sozinho, mas por conselho de amigos resolveu procurar apoio no asilo, que ele paga com a aposentadoria.
Manuel fala pouco, come pouco. Ninguém o visita no asilo onde mora há oito anos. “Ele é lúcido, mas não é de muita conversa”, disse Hoffmann.
Apesar do acanhamento, é um homem vaidoso. Mesmo quando morava sozinho no sítio, usava terno e gravata. Neste aniversário ganhou de presente mais um chapéu para a sua coleção. Estava vestido com sapato e calça social e carregava um terço no pescoço. Ele se define como um homem religioso.