A historiadora Lilian Rosa, também é um exemplo de mulher com grande atuação no mercado de trabalho. Coordenadora do curso de História do Centro Universitário Barão de Mauá; Vice-presidente do IPCCIC – Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais. Mestre e doutora em História e Pós-doutora em Administração com foco em Gestão Pública do Patrimônio Cultural.
Lilian explica que historicamente a mulher estava inserida em uma estrutura familiar patriarcal, que predominou no Brasil desde o período colonial. “Neste modelo, o pai era o patriarca, responsável pelo clã. Escravos, agregados, filhos e a esposa, tudo isso estava na sua esfera de domínio e eram considerados como suas propriedades. Esse poder se estendia para o campo econômico e político. Dessa forma, o espaço feminino estava restrito à varanda interna e à cozinha da casa e sua função era cuidar dos filhos e do marido. Não havia possibilidade de atuação fora desse ambiente. Essa herança portuguesa de organização social predominou no Brasil até as primeiras décadas do século XX. Muitos dos seus aspectos ainda estão arraigados em nossa cultura, em particular na forma como a mulher é vista em relação ao homem”.
“Em âmbito internacional, a Revolução Industrial tirou a mulher de baixa renda de casa e a levou para dentro das fábricas. Nesse novo ambiente ela passou a enfrentar as críticas da sociedade. Acusava-se o fim da família, com o aumento da promiscuidade, da infidelidade, entre outras questões. De lá para cá muita coisa mudou, mas a mulher ainda carrega o peso da responsabilidade familiar, associada ao trabalho profissional, o que resulta em dupla e, às vezes, tripla jornada”, completa.
Se há igualdade entre os sexos no mercado de trabalho, a historiadora explica. “Esse é um processo em construção e ainda falta um longo caminho para que a igualdade de gênero seja assimilada como prática cotidiana no mercado de trabalho. Para que isso ocorra, as ações afirmativas que buscam a igualdade de oportunidades e a eliminação de elementos discriminatórios, tanto nas legislações como no dia a dia são fundamentais.
Segundo ela, existem muitas passagens históricas que marcam a busca feminina por espaço, mas destaca uma em especial. “Lembrada até os dias de hoje na data de 8 de março. Neste dia, em 1857, operárias de uma fábrica de tecidos na cidade de Nova Iorque iniciaram uma greve, cujo objetivo era melhorar as condições de trabalho. Naquela época trabalhavam 16 horas e os salários chegavam a ser um terço a menos do que os dos homens. Durante o movimento, as portas da fábrica foram trancadas e foi ateado fogo, resultando na morte por carbonização de 150 mulheres. Após 60 anos esse dia fatídico foi escolhido como uma data de reflexão e debate das condições da mulher. Em 1975, a ONU reconheceu a data como um dia internacional”.